Lapinha da Serra - MG - Junho/2010

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Show da Banda Boneco de Pano

 
Os bonecos são uma das mais antigas expressões culturais da humanidade. Com o passar dos milênios, esses objetos culturais tomaram um caráter mais infantil servindo de brinquedo para muintas gerações. Dizem que na África surgiram os primeiros bonecos de pano. No Brasil, ganhou popularidade entre crianças pobres, tornando-se objeto da arte popular. Os bonecos trazem a alegria que é uma maneira de ver o mundo quando estamos em estado de graça, como fazíamos na nossa infância. Boneco de Pano é o nome da banda mineira de Belo Horizonte que, como o brinquedo, traz de forma poética a magia das cores através de sons e performances. Surgida em Novembro de 2007, a banda conta com a maturidade e musicalidade de seus artistas que como um "liquidificador inteligente" e multi-cultural, se utilizam de uma infinidade de gêneros e ritmos sem, no entanto, ser eclético. No repertório músicas como Que beleza (Tim Maia, Racional), Preta Pretinha (Novos Baianos), A Banda (Chico Buarque), Alegria, Alegria (Caetano Veloso).  (Texto retirado da comunidade oficial da banda: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=42537413 )


Galera de BH e região, show imperdível dessa banda fantásticaaaaaa!!! Os caras mandam muuuuito bem!!!! Posso assegurar que ninguém se arrepende de correr até o show deles!!!!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nós, indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte

Nós, indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte :: Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna
  
Nós, indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, mas lutamos também pelo futuro do mundo
O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais.
Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura.
Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição?
Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.
Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.
Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.
O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.
Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: ” Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro ” .


* Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna, representando 62 lideranças indígenas da Bacia do Xingu
Fonte: Valor Econômico

Fonte: http://www.noticiasdaamazonia.com.br/11999-nos-indigenas-do-xingu-nao-queremos-belo-monte-cacique-bet-kamati-kayapo-cacique-raoni-kayapo-yakareti-juruna/

domingo, 25 de abril de 2010

sábado, 24 de abril de 2010

Delicadesas

"A beleza existe em todo lugar. Depende do nosso olhar, da nossa sensibilidade; depende da nossa consciência, do nosso trabalho e do  nosso cuidado. A beleza existe porque o ser humano é capaz de sonhar." Moacir Gadotti. BONITEZA DE UM SONHO: Ensinar-e-aprender com sentido.

Demógrafo mapeia áreas de risco em Bertioga, Guarujá e São Vicente



Morro ocupado por casas de alto padrão em São Vicente: riscos são grandes para todas as classes sociais. Foto: Antonio Scarpinetti. 


O demógrafo César Augusto Marques da Silva, do Núcleo de Estudos da População (Nepo) da Unicamp, acaba de concluir uma radiografia das áreas de risco da Baixada Santista, mais especificamente nos municípios de Guarujá, Bertioga e São Vicente. Os resultados apontam para um importante risco existente na relação entre população e ambiente, principalmente se forem levadas em conta as mudanças climáticas ou alterações ambientais que ocorrem nas zonas costeiras e que são potenciais causadoras de inundações e de quedas de barreiras, sejam por desastre natural ou interferência do homem. No entanto, empiricamente, segundo Silva, é possível perceber que os riscos são diferentes para cada município. Em Guarujá, por exemplo, parte considerável da população vive em morros, enquanto em Bertioga isso não acontece porque existe uma planície litorânea bastante ampla, fazendo com que as pessoas fiquem mais próximas ao oceano. Consequentemente, elas se expõem mais aos riscos de inundações e também à elevação do nível do mar.
. Silva utilizou imagens do Google Earth em combinação com as malhas digitais por setor censitário (a menor unidade na qual os dados estão disponíveis) que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) disponibiliza na internet. A partir dessas duas fontes de dados, foi possível mapear onde estavam as áreas de morro, de inundação e de elevação do nível do mar em uma escala local.
A pesquisa, que é resultado da dissertação de mestrado de Silva, apontou ainda que o vínculo das pessoas com o litoral é diferente. Quanto mais perto do mar, maior é a porcentagem de domicílios que não são próprios, ou seja, são alugados ou cedidos pelos empregadores. Trata-se, de acordo com o demógrafo, de um paradoxo, uma vez que a maioria daqueles que residem em seu próprio domicílio vivem em áreas de morros distantes do mar, com um grau maior de risco. “Nesse caso, quando o risco se torna um perigo, quando efetivamente acontece o problema, certamente a pessoa terá uma perda maior do que aquela que está próxima ao mar”, disse Silva.
Mas, por que essas pessoas continuam morando nessas áreas? Silva explica que em sua dissertação que uma das dimensões do risco é o conceito do “recalcamento”, proveniente da psicologia. Trata-se da ideia de negar o perigo. Inconscientemente, a sociedade nega o risco e, assim, se torna incapaz de planejar ações contra o perigo. Exemplo emblemático é morar em locais de encosta. Para reverter esse quadro, explica o pesquisador, a primeira coisa a ser feita é admitir que o risco existe. “É preciso planejá-lo antes que se torne um perigo”, disse.
Outro ponto importante citado pelo autor da pesquisa é verificar exatamente qual o vínculo das pessoas com os lugares onde moram, porque essas situações chegam a acontecer e ninguém menciona isso. Para o demógrafo, esse é um campo muito importante no qual a dinâmica demográfica exerce um papel fundamental, uma vez que a mobilidade é parte importante das relações das pessoas com o local, sejam elas turistas de passagem ou pessoas que mantêm relações permanentes. “Os moradores permanentes podem não estar necessariamente brigando para enfatizar que esses riscos existem”, ressaltou Silva.
O demógrafo recordou ainda que, no caso recente do Rio de Janeiro, pesquisas do Nepo já apontavam que existiam riscos que culminaram com a tragédia que causou dezenas de mortes. Investigações do Nepo e da Agência Metropolitana da Baixada Santista também apontam o mesmo quadro para o litoral paulista. Estudos existem, complementa o demógrafo, e o que precisa ser feito agora é planejar para que sejam adotadas medidas preventivas. “Como demógrafos, temos que mostrar como a dinâmica demográfica impacta nesse sentido”, disse.
As áreas próximas aos morros e aos corpos d´água – consideradas de maior risco –, são aquelas que em termos gerais abrigam famílias com menor nível de renda e escolaridade e têm estabelecida uma relação de posse com o domicílio. “Precisamos adotar medidas pelo menos adaptativas porque, nessas áreas, a possibilidade de acontecimento de eventos extremos é maior. Não podemos mais culpar a chuva e o morro”, acrescentou. O objetivo é perceber como a forma de ocupação urbana nesses locais interfere no contexto.
Segundo Silva, o remanejamento das pessoas é fundamental. Muitas delas não estão ali por escolha própria – são, invariavelmente, pessoas de baixa renda e que não têm melhores condições de moradia, mas que criaram um vínculo com o lugar. “Não basta transferi-las. É necessário levar em consideração que elas têm uma história de vida e vínculo com o local”, argumentou.
Silva cita como exemplo o Guarujá, onde existem setores muito pobres em áreas de morro próximos ao mar coexistindo ao lado de setores mais ricos. Essa característica de estar no entorno de setores mais abastados não necessariamente fará com que haja uma prevenção mais eficaz contra os riscos. “Quando se fala de litoral, é importante lembrar que nem sempre as pessoas estão ali. Se o evento acontecer em uma segunda-feira, certamente atingirá um número menor de pessoas do que num fim de semana de verão. Portanto, é necessário conhecer a estrutura dessa população flutuante, uma vez que ela é diferenciada”, esclareceu.
Clima
Uma das coisas que os climatologistas estão apontando, com relação às zonas climáticas, é que o tempo de retorno de eventos muito extremos vem diminuindo. Para Silva, é complicado conseguir inferir diretamente que o fenômeno é resultante de mudanças climáticas. “Ainda que os modelos de previsão do tempo estejam sendo atualizados constantemente, será difícil ver as médias pluviométricas mudando”, alertou.
Fenômenos naturais observados mais recentemente em Angra dos Reis, Rio de Janeiro,Niterói e Florianópolis, além do Haiti e Chile, mostram a importância das regiões próximas ao Oceano na relação com as mudanças climáticas. Um ponto que a dissertação de Silva enfatiza é a necessidade de pensar a dinâmica demográfica desses locais porque esse é um ponto importante para a configuração do risco ambiental ali existente, e, também, para a capacidade de resposta dos indivíduos frente às adversidades.
Para o pesquisador, ainda que fatos como os ocorridos no Rio de Janeiro sejam totalmente indesejáveis, é importante que se reforce o debate sobre a situação nesse momento. Porque, se por um lado incentiva as discussões e as pesquisas, por outro confunde as pessoas. “Será que todas as áreas de encosta estão expostas a esses riscos?”, indagou Silva. Ao contrário da mídia, diz o autor, os estudos científicos não precisam vender argumentos. “Eles precisam construí-los de forma lógica e mostrar o que está por trás dos fatos concretamente, uma vez que dão a dimensão das causas. É necessário conhecer e estudar os fenômenos sociais”, disse. Para o pesquisador, parte da mídia tenta cobrir isso, no entanto, é importante que a questão da memória seja mais permanente, porque esse tipo de problema vai continuar acontecendo. “É preciso aproveitar esse período em que os eventos não acontecem com frequência para que os órgãos públicos tomem as devidas providências. Pode ser que no próximo verão nada disso aconteça, mas também pode ser muito pior. Temos que pensar quem são essas populações, o que elas fazem, porque residem nesses locais e qual a mobilidade delas”, acrescentou.
Na pesquisa de doutorado, o olhar de Silva vai se voltar para outros municípios, mais especificamente para Caraguatatuba (SP), que tem uma previsão de expansão urbana muito forte devido às obras da Unidade de Tratamento de Gás (UTGCA). “Os riscos no litoral norte paulista tendem a se amplificar, principalmente porque a faixa de litoral é bastante estreita. Nossa intenção é incentivar a adoção de políticas públicas mais conscientes, que sejam mais relacionadas à realidade e que considerem criticamente a existência dos diversos riscos ambientais”, concluiu.
FICHA TÉCNICA
Pesquisa: “População e riscos às mudanças climáticas em zonas costeiras da Baixada Santista: um estudo sócio-demográfico sobre os municípios de Bertioga, Guarujá e São Vicente”
Autor: César Augusto Marques da Silva
Orientador: Roberto Luiz do Carmo
Unidade: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH)
Financiamento: Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Trilheiros do Sul

Os eventos dos Trilheiros do Sul tem o custo dividido entre os membros sempre visando a participação de todos e um custo acessível. As atividades são sempre conduzidas por pessoas que conhecem os lugares visitados e o grupo tem uma grande preocupação com a segurança dos seus membros e também com a degradação ambiental causada pela presença do homem em meio a natureza.  (Texto retirado do site oficial do grupo):



Para quem curte um exerciciozinho a mais!!!! vale a pena!  Fabiano Riffatti, um muitíssimo especial e grande amigo meu, faz parte da Comissão Organizadora do grupo e ficará feliz em recebê-los por lá, em breve me juntarei à eles também. Visitem o site, fotos, matérias, dicas e muito mais estão disponíveis.

Alecsandra Cunha

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Saudade

     Pôr do Sol no Guaíba - Porto Alegre - Dezembro/2009

Saudade...
Saudade de ver você...
Saudade de ter você...
Saudade de sentir você...
Saudade de acordar no meio da noite e me lembrar de você...
Saudade de poder dizer tudo o que penso...
Saudade de poder dizer tudo o que sinto...
Saudade do tempo em que podia dizer: que saudades!!!!!
Mas assim mesmo vou dizer: quanta saudades sinto de você!


Alecsandra Cunha

terça-feira, 13 de abril de 2010

ô dó gente!!!




Num to dizendo.... nosso sofrimento pode ser extremamente prematuro, ou não, mas.... sempre acontecerá!

domingo, 11 de abril de 2010

Diversão! É solução sim! Diversão! É solução pra mim!!!!!

Por acaso você já viu uma taça de vinho dizendo que vai te ligar no outro dia, e não liga?
Ou uma dose de tequila dizendo que é jovem demais pra se envolver?
Ou uma latinha de cerveja pedindo um tempo pra decidir se realmente é aquilo mesmo que quer?
Ou ainda uma garrafa de smirnoff dizendo que você é a pessoa certa na hora errada?
Por acaso uma garrafa de vodka já beijou alguém na tua frente?
Ou então você já levou chifre de um litro de whisky?

Não né?

Francamente... Vamo beber, porque amar tá FODA!


Muito boa essa!!! Eu precisava compartilhar!

sábado, 10 de abril de 2010

Um pouco de doçura...




Marinópolis - MG
Foto: Alecsandra Cunha - Jan/2010
 
"Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é possível e necessário 'recomeçar'.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e, o mais importante...
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito neste período?
Foi aprendizado...
Chorou muito?
Foi limpeza de alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por diversas vezes?
É porque fechaste a porta até para os anjos...
Acreditou em tudo que estava perdido?
Era o início de sua melhora...
Onde você quer chegar?
Ir alto?
Sonhe alto...
Queira o melhor do melhor...
Se pensamos pequeno...
Coisas pequenas teremos...
Mas se desejarmos fortemente o melhor e
Principalmente lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo.
E não do tamanho da minha altura."

(Carlos Drumond de Andrade)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

NOTA DE ESCLARECIMENTO DE MORADORES DE FAVELAS DE NITERÓI


Durante as chuvas no Estado do Rio de Janeiro, uma grande tragédia se abateu sobre a população que vive em favelas nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói. Logo em seguida, o governo do Estado responsabilizou a mudança climática e culpou as próprias vítimas, os moradores das áreas carentes, pela tragédia.
Nada mais sordido e agressivo do que ter que ouvir dos responsáveis pela administração e políticas públicas do Estado, que faturam com os royates de petróleo, que gerenciam o Estado capitalista, essa acusação. Obviamente, as autoridades governamentais já estão fazendo  da tragédia  uma grande oportunidade de negócio, a começar por fundamentar e impor a limpeza social, ou seja deletar os pobres, das áreas promissoras para a especulação financeira.

Estamos todos solidarios e empenhados com todo o movimento social em dar voz ao nosso povo e denunciar mais essa postura criminosa desse governo estadual. Nesse sentido, abaixo  reproduzimos a Nota de esclarecimento dos moradores de favelas de Niterói.


Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino RJ

Nota de esclarecimento
Nós, moradores de favelas de Niterói, fomos duramente atingidos por uma tragédia de grandes dimensões. Essa tragédia, mais do que resultado das chuvas, foi causada pela omissão do poder público.  A prefeitura de Niterói investe em obras milionárias para enfeitar a cidade e não faz as obras de infra-estrutura que poderiam salvar vidas.  As comunidades de Niterói estão abandonadas à sua própria sorte.
Enquanto isso, com a conivência do poder público, a especulação imobiliária depreda o meio ambiente, ocupa o solo urbano de modo desordenado e submete toda a população à sua ganância.
 Quando ainda escavamos a terra com nossas mãos para retirarmos os corpos das dezenas de mortos nos deslizamentos, ouvimos o prefeito Jorge Roberto Silveira, o secretário de obras Mocarzel, o governador Sérgio Cabral e o presidente Lula colocarem em nossas costas a culpa pela tragédia. Estamos indignados, revoltados e recusamos essa culpa. Nossa dor está sendo usada para legitimar os projetos de remoção e retirar o nosso direito à cidade.
 Nós, favelados, somos parte da cidade e a construímos com nossas mãos e nosso suor. Não podemos ser culpados por sofrermos com décadas de abandono, por sermos vítimas da brutal desigualdade social brasileira e de um modelo urbano excludente. Os que nos culpam, justamente no momento em que mais precisamos de apoio e solidariedade, jamais souberam o que é perder sua casa, seus pertences, sua vida e sua história em situações como a que vivemos agora.
 Nossa indignação é ainda maior que nossa tristeza e, em respeito à nossa dor, exigimos o retratamento imediato das autoridades públicas.
Ao invés de declarações que culpam a chuva ou os mortos, queremos o compromisso com políticas públicas que nos respeitem como cidadãos e seres humanos.
 
Comitê de Mobilização e Solidariedade das Favelas de Niterói
Associação de Moradores do Morro do Estado
Associação de Moradores do Morro da Chácara
SINDSPREV/RJ
SEPE – Niterói
SINTUFF
DCE-UFF
Mandato do vereador Renatinho (PSOL)
Mandato do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL)
Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (APAFUNK)
Movimento Direito pra Quem
Coletivo do Curso de Formação de Agentes Culturais Populares

Palavras minhas: espero que os leitores entendam que não tenho a intenção de espetacularizar essa tragédia como faz a grande mídia, mas sim, mostrar aqui as versões de quem realmente foi assolado pela tragédia. Sabemos que passado esse período, tudo será esquecido e os cidadãos serão obrigados à voltarem as suas vidas 'normais' - nunca mais as mesmas. Uma coisa é certa, dependeria da população se organizar na tentativa de cobrança das autoridades no sentido de evitar tais problemas, mas sabemos também que essa mesma população é impedida dessas ações quando é desprovida de educação e informação. Isso é estrategicamente delineado pelo poder público, quanto menos educação e informação, menores as chances de organização na busca de menor desigualdade socioeconômicas, culturais, políticas, espaciais e etc e etc.

Alecsandra Cunha
Geógrafa

Seminário Cláudio Peres

Acontece na Puc-Minas Unidade Coração Eucarístico anualmente o Seminário Cláudio Peres de Prática de Ensino e Geografia Aplicada. Tem por objetivo a discussão de temas relevantes para o meio acadêmico, assim como para a sociedade. A temática central de 2010 é ESPAÇO, CULTURA E IDENTIDADES: TRAJETÓRIAS GEOGRÁFICAS, no eixo da Geografia Cultural. Para mais informações acesse:

http://www.pucminas.br/noticias/noticia.php?area=2&codigo=4125&pagina=4

A Conquista do Pão - Pedro Kropotkin

A humanidade andou bastante desde o tempo em que a pedra lascada lhe servia para fabricar a suas armas, para lutar desesperadamente pela existência. Esse período durou milhares e milhares de anos durante os quais o gênero humano acumulou tesouros incomensuráveis. Desbravou o solo, aterrou pântanos, devastou florestas, abriu estradas, edificou, construiu e raciocinou; arranjou utensílios complicados, arrancou à Natureza os seus arcanos, aprisionou o vapor. Hoje o homem civilizado já ao nascer encontra um capital imenso, acumulado pelos seus antepassados, com o qual, só com o trabalho, combinado com o alheio, obtém riquezas que deixam a perder de vista os sonhos orientais das Mil e uma Noites.
Parte do solo está pronto para colher o trabalho do lavrador inteligente e as sementes escolhidas, e enfeitar-se com colheitas deslumbrantes, mais do que o preciso para satisfazer todas as necessidades do homem, pelos meios conhecidos da agricultura.
No solo virgem dos prados da América, cem homens, munidos de máquinas valentes, produzem em poucos meses o trigo necessário para o sustento de dez mil pessoas durante um ano inteiro. Quando o homem quer multiplicar o seu rendimento, prepara o solo, da às plantações cuidados que lhes convém e obtém colheitas prodigiosas. E onde o selvagem tinha de ocupar cem quilômetros quadrados para sustentar a sua família, o civilizado cria com incomparavelmente menos trabalho e mais segurança, tudo quanto precisa para sustentar os seus na décima milésima parte desse espaço.
O clima já não é um obstáculo. Falta o sol? O homem substitui-o pelo calor artificial, enquanto não faz também a luz para ativar a vegetação. Com vidro e condutores d’água quente, recolhe num espaço determinado dez vezes maior produção do que dantes.
Os prodígios efetuados na indústria ainda são mais frisantes. Com esses seres inteligentes – as máquinas modernas – fruto de três ou quatro gerações de inventores, na maior parte desconhecidos, - cem homens produzem com que vestir dez mil homens no espaço de dois anos. Nas minas de carvão bem organizadas,
cem homens tiram cada ano com que aquecer dez mil famílias, sob um clima rigoroso. E viu-se já uma cidade maravilhosa surgir toda inteira em poucos meses no Campo de Marte, sem haver a menor interrupção nos trabalhos normais da nação francesa.
E se o trabalho dos nossos maiores não aproveita senão sobre tudo ao menor número, é todavia certo que a humanidade podia já permitir-se uma existência de riqueza e de luxo, só com os trabalhadores de ferro e de aço que possui.
Sim, sem dúvida, somos ricos, infinitamente mais ricos do que julgamos. Ricos pelo que já possuímos; ainda mais ricos pelo que podemos produzir com o material conhecido. Infinitamente mais ricos pelo que poderíamos retirar do solo, das manufaturas, da nossa ciência e do nosso saber técnico, se fossem aplicados
a procurar o bem estar de todos.

Trecho retirado do livro: "A Conquista do Pão de Pedro Kropotkin"

A partir deste texto introdutório, Kropotkin desenvolve uma linha de pensamento revolucionário, o livro foi escrito no final do séc. XIX em Paris, tendo seu prefácio escrito nada menos por Élisée Reclus. É uma leitura interessante e, no mínimo, avassaladora.

RECOMENDO ESSE LIVRO.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Chuvas no Rio de Janeiro

Ao receber essas notícias das chuvas na Região Metropolitana do Rio e tentar ter noção de toda a tragédia, penso: onde estão os programas de Reforma Agrária no país, onde está a divisão de terras no campo que foi prometida em campanha do Lula? Até quando teremos que conviver com essas situações? Defendo a reforma agrária neste momento por acreditar que ela seria capaz de conter grande parte da população do campo que potencializa o fluxo do êxodo rural que enche os grandes centros, e, tem como uma de suas consequências a ocupação de morros e áreas de risco, por pura falta de opção daquelas pessoas. A geografia e geologia da RMRJ é clara, formada por embasamentos cristalinos e grandes pacotes pedológicos, que se encharcam facilmente com as águas das chuvas, não tem estrutura para aguentar o volume pluviométrico que se apresenta nos últimos dias na região, isso é um fenômeno natural, aconteceria de qualquer forma; o que não é natural é a ocupação dessas encostas por uma população de baixa renda que não possui condições dignas de moradia. Se penduram casas umas sobre as outras em lugares que jamais poderiam ser ocupados, nem mesmo seus entornos, mas o que fazer? É na verdade, uma consequência das tradicionais raízes agrárias brasileiras no âmbito de suas distorções socioeconômicas, segregações socioespaciais. assim como as opções poliíticas que constroem e reconstroem o espaço brasileiro, fazendo dele uma máquina de reprodução do capital sem se atentar para as consequências de tais opções políticas.