Lapinha da Serra - MG - Junho/2010

terça-feira, 30 de março de 2010

DESCASO: Homem morre após receber alta do Ipsemg e família denuncia negligência

30/03/2010 08h15
FERNANDA PENNA
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O porteiro Aguimaé Vieira da Silva de 44 anos morreu na manhã desta terça-feira (30), em casa, no bairro Tupi, região Norte de Belo Horizonte, depois de receber alta do Hospital Israel Pinheiro, do Instituto da Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), na noite passada. A denúncia foi feita pela família com exclusividade ao portal O Tempo on line.
Os familiares queixam de atendimento deficiente, já que os médicos do Ipsemg começaram uma greve de três dias, e denunciam negligência à vítima, que sofria de problemas cardíacos e pressão alta. Segundo a família, ele passou pela triagem, mas recebeu informação da equipe de enfermagem que somente os casos de emergência, em que havia risco de morte, seriam atendidos. O paciente foi medicado ainda no corredor do hospital e em seguida liberado.
Revoltada com a situação, a mulher da vítima, Rosa de Jesus Souza Silva, contou que a busca por atendimento teve início na última quarta-feira, mas segundo ela, foi negado. Nessa segunda-feira, o casal retornou ao hospital e o homem foi atendido ainda no corredor da unidade. "A pressão dele estava muito alta e eu pedi para os médicos que não o liberasse, mas eles disseram que ele já estava bom até para trabalhar e recebeu alta".
Na manhã desta terça-feira, o paciente voltou a sentir fortes dores no peito e não resistiu. Segundo a mulher, "é muito estranho que tenham mandado um doente naquelas circunstâncias para casa, quando nem tinha capacidade para andar sozinho". Uma ambulância do Samu foi acionada ao local, mas quando o resgate chegou, o homem já estava morto.
A assessoria de comunicação do Ipsemg foi procurada e informou que vai checar as informações para se manifestar sobre o assunto.
Greve
Nessa segunda-feira, os médicos começaram uma greve de três dias. A categoria negocia com a direção do instituto o aumento dos salários e melhores condições de trabalho.
Na semana passada, o caos já havia se instalado na unidade, após uma paralisação de um dia (na quinta-feira) de 70% dos 4.600 servidores do Ipsemg em todo o Estado. As manifestações, tanto de médicos quanto dos demais servidores, se justificam - segundo argumento de ambas as categorias - pelo "sucateamento" dos serviços.
Desde o dia 20 de março, todas as cirurgias eletivas agendadas no Israel Pinheiro foram suspensas, e a oferta de leitos caiu para menos da metade (de 290 para 141). A reportagem de O TEMPO relatou inúmeras denúncias de casos de servidores conveniados que viajaram por horas até a capital e voltaram para casa sem serem atendidos.
A paralisação dos médicos está sendo anunciada desde a semana passada. A categoria promete suspender até quarta-feira as consultas e os atendimentos. Entre as reivindicações dos grevistas estão a realização de concurso público para preenchimento de novas vagas, reajuste salarial e melhores condições de trabalho.


FONTE:    http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=76532


Gasta-se uma quantia quase imensurável para a construção espetacular de uma cidade administrativa e deixa-se a saúde pública em total descaso.

Comentarei mais sobre isso.

terça-feira, 23 de março de 2010

Senso Crítico

Não se deve aceitar sem mais os termos usuais de um problema, escreveu em 1935 um conhecido filósofo. A atitude crítica implica aqui em repropor, recriar a interregoção, pois não há pergunta que resida em nós e uma resposta que esteja nas coisas: a solução está também em nós e o problema reside também nas coisas. Há algo da natureza da interrogação que se transfere para a resposta.

José William Vesentini na Apresentação do célebre livro de Yves Lacoste: A Geografia - Isso Serve, Em Primeiro Lugar, Para Fazer A Guerra.

Recomendo esse livro.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Centro Administrativo Tancredo Neves

Fernando Serapião - Especial para a Folha
Na gravura "O quarto do arquiteto", de Lina Bo Bardi, a arquiteta do Masp criou uma cena com armário entreaberto, mesa com cadeira e uma prateleira. Os personagens são maquetes de edifícios em diferentes estilos. Uma possível interpretação irônica da obra é que os arquitetos possuem soluções guardadas nas gavetas e as utilizam conforme a necessidade. Lembro-me disso diante da nova obra de Oscar Niemeyer.
A Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves é composta por cinco edifícios, encomendados pelo governador Aécio Neves para reunir no extremo norte de Belo Horizonte mais de 40 órgãos estaduais. São três motivos alegados: induzir o desenvolvimento da região, diminuir despesas (principalmente aluguéis) e facilitar a gestão com a convivência entre funcionários. À primeira vista, principalmente se observado por dentro, tudo é uma maravilha: os móveis são novos, os equipamentos, sofisticados, e os espaços, confortáveis -como nas melhores empresas privadas.
Contudo, do ponto de vista arquitetônico não há novidade. O prédio mais imponente abriga o gabinete do governador. É um edifício envidraçado de quatro andares que fica pendurado por estrutura externa. Com  mais graça, tal solução foi utilizada por Niemeyer há 4 anos para uma editora na Itália.
Louvando o novo prédio, o arquiteto e o calculista afirmam que ele é "o maior edifício suspenso do mundo". E daí? Eles se vangloriam como se o ineditismo técnico fosse de suma importância para o futuro da humanidade.
Gastando energia em retórica desgastada, Niemeyer deixa de lado questões atuais como a eficiência energética - o complexo tem a maior área de vidros da América latina. Fachadas envidraçadas voltadas para as faces ensolaradas, por exemplo, é um erro primário que exigirá mais energia do ar-condicionado. Os dois edifícios maiores são destinados às secretarias. Gêmeos, eles são gigantescos e curvos - e também foram retirados das 'gavetas' do arquiteto. Eles têm proporção semelhante de um hotel em Petrópolis, desenhado em 1950. Por fim, além de um auditório pouco gracioso, o conjunto é completo por um centro de convivência, com restaurantes e lojas, que pretende substituir a rua - o espaço primordial de convivência urbana. E é justamente aí que está o maior problema. Se a arquitetura é requentada, a ideia de pensar em centro administrativo longínquo é tão nova quanto o bonde. Urbanisticamente, é um desastre. O governo deveria permoanecer na região central, renovando edifícios subutilizados e incrementando a vida urbana. ao deixar os edifícios da Liberdade para atividades culturais, serão empobrecidos o uso e a diversidade local.
Se na era da revolução das telecomunicações é estranho falar da necessidade do contato físico, para ajudar a desenvolver a periferia seria mais útil financiar transporte coletivo de massa. Claro, daria mais trabalho e menor visibilidade.
Infelizmente, há 50 anos os políticos acreditam na mística de perpetuar-se com um postal de Niemeyer a fim de repetir a trajetória daquele que encomendou Pampulha e Brasília (raríssimos são os que apostam na capacidade arquitetônica de sua própria geração). Aécio Neves cometeu o mesmo erro: mirando o futuro, ele acertou no passado.
FERNANDO SERAPIÃO é arquiteto e editor executivo da revista "Projeto Design".
 E aí está o projeto do Centro Administrativo Tancredo Neves, que foi inaugurado no dia 04 de março de 2010. Uma obra faraônica, que despendeu uma verba fenomenal, enquanto os milhares de moradores de rua de BH continuam exatamente 'nas ruas', pois não existem verbas para abrigar de maneira digna essa população. Ainda existe a questão da especulção imobiliária, a região que era tratada como periferia e ocupada por cidadãos de baixa renda, está vendo seu espaço ser reorganizado e ressignificado, enquanto tais moradoes são expulsos para locais ainda mais longe do centro de BH, de seus empregos, escolas e etc.

Síntese - Gênese e Evolução do Relevo Cárstico

O relevo cárstico ocorre predominantemente em terrenos constituídos de rocha calcária, mas também pode ocorrer em outros tipos de rochas carbonáticas, como o mármore e rochas dolomíticas. É um tipo de relevo caracterizado pela dissolução química das rochas, que leva ao aparecimento de uma série de características físicas.
Uma das principais características do Carste é a ausência de drenagem superficial, as características da rocha fazem com que toda a água da chuva seja absorvida. No carste a água de chuva infiltra-se do solo para a rocha com muita rapidez, sendo que o escoamento sobre o solo ou dentro do solo são restritos e sem muita importância, por isso é raro encontrar rios superficiais no carste. A não ser que a região seja de calcário impuro ou se ocorrer a entrada de águas drenadas em regiões não cársticas. A vegetação exerce importante influência na infiltração da água, além do clima que precisa ser de úmido a temperado.
Podemos distinguir o carste em exocarste, (representados principalmente pelas dolinas, paredões e vales) e endocarste, representado principalmente pelas cavernas.




Exocarste - APA Lagoa Santa - MG - 2007



Endocarste - Gruta da Lapinha -
APA Lagoa Santa - MG - 2007
A formação e evolução do relevo Cárstico se dá através da infiltração da água da chuva nas fraturas e camadas das rochas, chamadas zonas de acamamento. Em contato com o carbono existente nas rochas deste tipo de relevo, a água se torna mais ácida sendo assim capaz de esculpir as suas formas, devido à porosidade secundária, formada por juntas, fraturas e cavernas.
A formação de um exocarste se dá na medida em que a água infiltra, entra em contato com o carbono e dissolve a rocha, formando grandes fendas na estrutura calcária interna, dessa forma acontecem os abatimentos da estrutura superior formando as dolinas, que são depressões fechadas, tendo várias formas em sua abertura, podendo variar de poucos centímetros a dezenas de metros, em geral, mais largas que profundas. Quanto a sua gênese, podem ser: por dissolução (subsidência) – quando as rochas carbonáticas sofrem, na superfície, corrosão e dissolução por águas ácidas provocando a formação de depressões normalmente mais larga que profunda. Em alguns casos, um percurso de água se forma para a profundidade, chamando-se, então, de dolinas aluviais; e ainda pode se formar por colapso ou abatimento – quando devido a presença de uma cavidade mais profunda, ocorre o desabamento de seu teto, surgindo uma depressão na superfície, que pode ou não, se comunicar com o interior da cavidade.
Essas dolinas evoluem cada vez mais, concomitantemente ao processo de dissolução das rochas calcárias em camadas abaixo delas. Com a evolução das dolinas se tornando cada vez maiores, acabam por se formar as uvalas que são na verdade um ajuntamento de dolinas, a união de várias dolinas.
Em decorrência da evolução das uvalas dá-se o início do processo de formação dos morros residuais. As uvalas aumentam de tamanho, o material da superfície e de profundidade são carreados e começam a formar planícies com presença de morros residuais, resultantes de parte das rochas que não foram dissolvidas durante todo o processo de dissolução química.
As planícies cársticas ou Poliês, fazem parte da fase final de evolução do relevo exocarste, após todo o processo de dissolução química, formação de dolinas, uvalas e morros residuais formam-se enormes depressões fechadas no nível de base, por vez atingindo vários quilômetros, que quando inundados formam uma lagoa cárstica.
São delimitados normalmente por maciços, paredes abruptas com fundo plano, freqüentemente impermeável, extensões de rochas calcárias e mistas, onde diversas formações são notadas – torres, estrias verticais, arcos, lapiás ou anfiteatros cársticos (quando a água dissolve sua base formando uma concavidade até túneis ou passagens) etc. Os lapiás compreendem um vasto conjunto de feições mistas, incluindo estruturas em depressão (feições reentrantes) e estruturas em relevo (feições remanescentes), e, conforme seu aspecto morfológico, recebe inúmeras denominações: canaletas, canelura, meandro, furo, poço, pegada, marmita, cortina, alveolar, celular, agulhas, lâminas, cálices e outros, podendo ser encontradas na superfície como nos espaços subterrâneos.
Os Poliês podem apresentar vales secos formados por ação da água, porém, depois se tornam secos por ausência desta, como a falta de chuva ou abaixamento de fluxo d’água. Os vales cegos, que são vales fechados onde a água penetra no solo por sumidouros, desaparecimento da água na qual a perda pode ser total ou parcial. Muitos cursos d’água possuem sumidouros no fundo do canal que vão gradativamente absorvendo o volume do rio. E ainda os Cannyons, que são vales onde o rio corre encaixado. Podem ser explicados por erosão fluvial, corrosão ou desabamento de teto de cavernas.





 Lagoa do Sumidouro - Origem Cárstica - APA Carste Lagoa Santa - 2007.



Texto escrito por Alecsandra Santos da Cunha - Geógrafa - baseado em aulas de campo e leituras diversas.